Os primeiros registros em Juiz de Fora da palavra “choro” significando reuniões musicais e também os grupos que tocavam nesses encontros surgem por volta de 1902, conforme consta no periódico O Pharol.
Na década de 1920, a cidade contava com alguns conjuntos de choro, como o “Choro do Toninho” e o “Oito Batutas”, este assim denominado em homenagem ao grupo carioca homônimo. Sabemos também que os irmãos Remo, Américo e Alfredo Toschi, que viriam a fundar a Turunas do Riachuelo, formaram, ao lado de amigos do Largo do Riachuelo, um conjunto de choro.
Paralelamente, temos o registro de músicos locais compondo peças do gênero, como “Orelhando o Cavaquinho” e “Quem me Resistirá?”, de autoria do maestro Duque Bicalho. Na época áurea do rádio juiz-forano, nas décadas de 1950 e 1960, deve ser lembrado o nome de Mozart Couto, brilhante compositor de choros e excepcional instrumentista, que liderava um conjunto regional na rádio PRB-3.
Posteriormente, com o ressurgimento do choro na década de 1970, surgiram em Juiz de Fora os grupos “Gardênia Dourada” e “Rabo de Galo”, que infelizmente tiveram curta duração em razão de serem formados por universitários que posteriormente se mudaram da cidade.
Todos os músicos que participavam do Clube do Choro. Década de 2000.
Somente em 1988 teríamos outro grupo por aqui: trata-se do “Choro e Cia.”, responsável pela criação, em maio de 1997, do Clube do Choro de Juiz de Fora, cujo objetivo era divulgar o gênero, formar novos instrumentistas e criar público.
A iniciativa foi bem sucedida, tendo o Clube atuado de forma intensa na cena cultural de Juiz de Fora durante quase quinze anos, realizando rodas semanais, shows periódicos com artistas convidados de renome nacional, além de oficinas de música e até gravação de um CD com músicas de compositores juiz-foranos.
Atualmente, contamos com diversas rodas de choro espalhadas pela cidade, como “Segura o Choro!”, integradas por músicos que de alguma forma participaram do Clube do Choro e hoje dão continuidade à trajetória e ao enriquecimento do gênero em Juiz de Fora.
Texto: Márcio Gomes* “Batuqueiro”